EDUCAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS

Este espaço destina-se para a discussão e interação entre todos os que necessitam ou simplesmente gostam das novas tecnologias aplicadas à educação.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Mãos ao Micro, Professor!




Se você não se dá bem com o computador, descubra o potencial da informática. Se já é usuário, aprenda a fazer da escola um centro irradiador de conhecimento







Mais um ano vai começar e, com ele, uma necessidade se impõe: usar o computador na escola. Todo mundo já sabe que as novas tecnologias precisam ser incorporadas à educação porque fazem parte do dia-a-dia das pessoas e estão presentes nas mais variadas áreas da sociedade. Porém... Infelizmente, nem todos os professores têm amplo acesso à informática. Na verdade eles podem ser divididos em dois grandes grupos: 1) os que estão familiarizados com os micros, mas não sabem como utilizá-los em sala de aula; e 2) os que nunca chegaram perto da máquina, têm medo, mas não querem (nem podem) ficar para trás. Esta reportagem pretende orientá-lo em ambos os casos.
Se você se encontra na primeira situação, desconstruir é a palavra de ordem (ou será de desordem?). "O mundo mudou. As informações, o conhecimento e a produção cultural se dão hoje num sistema de redes, mas a escola continua vertical, parece uma linha de produção ou uma escola shopping center, aonde os alunos vão para consumir conhecimento, não para produzi-lo", avalia Nelson De Luca Pretto, diretor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A solução? "Desconstruir esse modelo, para dar lugar a uma nova educação."
Isso envolve desde mudanças na formação e valorização dos professores até alterações na arquitetura dos prédios escolares, passando pela modernização da gestão e, é claro, pela criação de uma infra-estrutura digital que permita que todos interajam em rede. Assim, a informática como simples recurso pedagógico perde o sentido. "Se for só para dar aulas mais atraentes, não faz diferença ter ou não computadores", afirma Pretto.

Irradiar conhecimento
Para ele, é preciso que alunos e professores extrapolem a função instrumental do computador e passem a irradiar conhecimento através dele. Isso se faz com o emprego de softwares de autoria, a construção de páginas web e, sobretudo, o uso dos chamados softwares freeware (gratuitos), como o GNU/Linux, sistema que pode substituir o Windows e que dá autonomia para professores e alunos programarem o próprio ambiente computacional. E já há um exemplo bem-sucedido a seguir.
O governo do Rio Grande do Sul adotou o Linux em toda a esfera pública, incluindo as escolas (saiba mais no site
www.procergs.rs.gov.br). Para início de conversa, houve uma economia enorme. Só com licenciamento de software, os gastos do estado caíram de 18 milhões de reais, em 1999, para 150 mil reais em 2001. Na área da educação, foi criado o projeto Rede Escolar Livre (www.redeescolarlivre.rs.gov.br), que já está em 42 escolas da rede, atingindo cerca de 40 mil alunos.
Independentemente dessa questão, é preciso considerar a própria utilização das máquinas. O professor José Armando Valente, especialista em informática educativa, professor da Universidade Estadual de Campinas, propõe a seguinte classificação no texto "Diferentes Usos do Computador na Educação" (a íntegra pode ser lida em
upf.tche.br/~carolina/pos/valente.html):
. O computador como máquina de ensinar. Opção pouco efetiva, pois os alunos só consomem o que o computador está programado para produzir. Nesta categoria encaixam-se os programas do tipo tutorial, de exercício e prática, jogos e simuladores.
. O computador como ferramenta educacional. O estudante desenvolve algo e, portanto, o aprendizado ocorre pelo fato de ele executar uma tarefa usando o computador. Aqui entram processadores de texto, planilhas, banco de dados, programas de construção e manipulação de gráficos, sistemas de autoria e calculadores numéricos. O sistema Logo, que dá autonomia para programar projetos, trabalha nessa linha.
Valente observa que a classificação de um software não é simples, pois pode haver aspectos de uma ou outra categoria. Cabe ao professor dosar sua utilização conforme os objetivos.

Sem medo da máquina
Pois bem, você leu o texto até aqui, mas não entendeu muita coisa, pois sua experiência com computadores é zero. O que fazer? Ingrid, uma garota de 8 anos que participou de uma aula inaugural na UFBA, dá a resposta: "É só futucar". Ela sabe o que diz. Sem nunca ter feito um curso e sem saber falar inglês, ela joga videogame com destreza. Em outras palavras, mãos ao micro!
Gastar dinheiro com um curso de informática pode não ser a melhor saída para superar a fobia inicial. "É mais interessante pegar alguém que já conheça informática — possivelmente um de seus alunos — e montar um programa básico para ser trabalhado na escola com professores e estudantes que ainda não sabem mexer no micro. Melhor ainda se essas lições envolverem a resolução de problemas da própria escola", sugere Pretto.
Se a dificuldade é ainda mais básica (arrumar dinheiro para adquirir o equipamento), busque apoio da comunidade, fale com pequenos empresários locais e faça campanhas para garantir que sua escola compre um ou mais computadores. O mesmo vale para conseguir acesso à internet. Parceria e apoio são as palavras-chave. Como diz o profesor Pretto: "Mais importante do que a internet estar na escola é a escola estar na internet. Afinal, a informática muda a forma de nos relacionarmos com as coisas da vida."
Fonte: Nova Escola On-line
-Para os alunos da FARRP: Comente as afirmações do professor Nelson De Luca Pretto, considerando a necessidade de professores e alunos adquirirem cultura digital.

terça-feira, outubro 31, 2006

-Reflita: Por que a criança sempre chega primeiro nas novas tecnologias? É assim também quando se trata da escola (e as tecnologias)? Nós, professores, corremos algum risco por estar chegando depois (quando chegamos)?


Uso de filmes na escola


É inegável a necessidade de integrar diferentes linguagens nas aulas em todos os níveis de ensino. Nesse contexto, filmes são recursos que mais facilmente são incorporados à rotina escolar. No entanto, faz-se necessária a reflexão: que estamos fazendo com eles?
O cinema e a TV são dotados de linguagem própria e compreendê-los vai além da simples apreciação de imagens e sons, assim como ler é mais do que decodificar palavras.
Desse ponto de vista, não basta levar os alunos ao cinema como um passeio, ou apresentar um vídeo para substituir a fala do professor sobre um determinado assunto. É preciso propor a leitura reflexiva desses meios, em um determinado contexto, com sua linguagem peculiar, sua manifestação cultural, bem como possibilitar o espaço da criação usando essa linguagem, extrapolando o papel passivo da recepção da imagem e do som. Soma-se a isso a possibilidade de criar o diálogo entre as diferentes mídias, comparando-se características e informações obtidas em cada uma delas. É preciso educar para se viver a ( e na) Sociedade da Informação, com toda a sua gama de produção cultural.
Somente a prática reflexiva traz novas perspectivas aos processos educativos. Nós educadores precisamos constantemente buscar referenciais, discutir práticas, propor novas reflexões. Espaços de interação voltados aos educadores são caminhos importantes nessa busca reflexiva.

Eliane Candida Pereira
Linguagem Audiovisual e a Educação

Os processos interativos, procuram estabelecer a probabilidade da expressão e da criação por meios audiovisuais. Os meios audiovisuais deixam de ser apenas uma ferramenta didática, demandando uma interação continuada que permite mais do que olhar imagens, mas interpretá-las visando à criação de novas mensagens e informações. É especialmente por meio das imagens e sons passíveis de serem anotados por ferramentas audiovisuais que se fundamenta a sociedade global. A linguagem audiovisual torna possível a veiculação de uma enorme variável de informações, sob os mais diversos contornos e gêneros. A televisão na escola significa, não apenas mais um expediente pedagógico, mas também uma nova opção educativa de colocar essa escola no mundo, abrindo novos espaços e novas perspectivas ainda não integralmente explorados. A televisão, no mundo contemporâneo, com suas opções a cabo, suas antenas parabólicas, traz o mundo para dentro da escola por meio dos múltiplos programas, mas também introduz a escola em um novo espaço e nova perspectiva com enfoque global. Uma das principais características do mundo contemporâneo consiste no acontecimento de que diferentes espaços se integram e se interatuam. A escola, no contexto da sociedade contemporânea não pode mais ser avaliada como um ambiente independente, mas sim um lugar dentro de outros espaços, interagindo-se mutuamente. O grande desafio que se depara é o de integrar consciente e criticamente toda a comunidade escolar, no mundo da sociedade globalizada. Torna-se indispensável a constituição de novas metodologias que permitam a introdução de professores e educandos no mundo do cultivo de mensagens por meio da linguagem audiovisual, método que alguns autores chamam de alfabetização audiovisual. A comunicação terá que ser de mão dupla, não somente para garantir a possibilidade da livre expressão, mas também proporcionar o próprio processo de construção do diálogo humano. A atração da linguagem audiovisual é constante, proporcionando ao público uma enxurrada de informações, que mesmo sem procedimento pedagógico, transforma-se em formação através da comunicação. Quando introduzimos os recursos audiovisuais em sala de aula, devemos nos atentar para ao resgatarmos o componente de estudo podermos oferecer recursos para interpretá-lo e analisá-lo criticamente, permitindo a compreensão do procedimento da inclusão da cultura audiovisual. Atraído pela linguagem audiovisual, o homem perde o seu referencial, adquirindo o referencial da imagem transmitida, “coisificando- se”. Porisso, temos que tomar cuidado, zelando para que os educandos adquiram consciência crítica em relação aos meios de comunicação, para não ficarem despersonalizados. Quando o professor constrói competência e habilidade para trabalhar com recursos tecnológicos, ao contextualizar suas atividades didáticas, esses procedimentos serão usados como mais uma ferramenta pedagógica enriquecedora do texto e do contexto que estão sendo trabalhados. Pois, o conhecimento do consumo midiático é um instrumento importante para a educação de uma maneira geral, não só para o entendimento dos conteúdos escolares, mas para a avaliação, interpretação e o refinamento do gosto do público escolar. Estamos sugerindo descobrir, através de atividades metódicas a postura dos educandos diante do mundo, dos seus princípios e das suas identidades, para interagirmos com eles nossas e novas idéias. A era da informação é também a era da educação, plena e unificada. Os alunos têm que viver a experiência de descobrir por si mesmos o que está acontecendo, o que está sendo mostrado e como está sendo mostrado, e também o que está sendo omitido. Parece-me que a comunicação atualmente está muito sustentada em todos os meios pela tecnologia de informação. E isso coloca, à educação, múltiplos temários. Um é a alfabetização múltipla, pois a linguagem escrita já não basta com a proliferação de tecnologias, de linguagens e de expressões. Isso implica alfabetizar os estudantes para que sejam capazes de elaborar suas próprias comunicações, com suas distintas linguagens, com distintas lógicas de articulação.
(Guillermo Orozco Gómez) Referências: Uma pedagogia para os meios de comunicação, Guillermo Orozco Gómez Autora: Amelia Hamze

O audiovisual na educação
Profª. Drª. Marília Franco - Escola de Comunicações e Artes


O uso do audiovisual na sala de aula depende do ambiente: os sentidos devem estar numa situação confortável para que garanta a atenção.

Processo de aprendizado de Jean Piaget
O aparato cognitivo é acionado com uma motivação afetiva. Fazemos uma apropriação daquilo que nos afeta e, assim fazemos uma assimilação, ou seja, colocamos para dentro aquilo que nos afetou. Em seguida há uma acomodação daquilo que foi apropriado dentro de nossa bagagem cognitiva.
O audiovisual seria, portanto, a maneira mais dinâmica de exercer esse processo, pois ele garante uma sensação de pertencimento àquilo que é assimilado com os sentidos: é esta a relação estabelecida pela linguagem.
A escolha dos gêneros está muito ligado ao tipo de emoção que se quer colocar no momento de lazer. Assim, o audiovisual age como um influenciador de sentido. É importante entender que o processo de cognição não é um processo racional, mas afetivo.
Portanto, o trabalho do professor é articular o emocional suscitado pelo audiovisual com o racional do discurso escolar.

Que competências intelectuais uso para assimilar?
Para Howard Gardner inteligência é competência. Há três tipos de potenciais de competências: para construir problemas; para resolver problemas e para criar produtos.

Os sete tipos de competências:
Corporal sinestésica (capacidade de movimentar o corpo no espaço)
Espacial (capacidade para colocar coisas no espaço)
Rítmica ou sonora
Intra-pessoal (capacidade para o autoconhecimento)
Extra-pessoal (capacidade para o interrelacionamento)
Linguística
Lógico-matemática

A escola predomina sobre essas últimas duas competências. A expressão da experiência cognitiva deve olhar o conjunto de competências, a sua articulação é que deve ser considerada.
A aula permite a assimilação, mas o processo de conhecimento é interior. Por isso o professor deve aceitar o processo de assimilação do aluno.

A TELEVISÃO E O VÍDEO NA ESCOLA

A televisão, o cinema, a Internet e demais tecnologias nos ajudam a realizar o que já fazemos ou que desejamos. Se somos pessoas abertas, nos ajudam a comunicar-nos de forma mais confiante, carinhosa e confiante; se somos fechadas, contribuem para aumentar as formas de controle. Se temos propostas inovadoras, facilitam a mudança.
Educar com novas tecnologias é um desafio que até agora não foi enfrentado com profundidade. Temos feito apenas adaptações, pequenas mudanças. Agora, na escola, no trabalho e em casa, podemos aprender continuamente, de forma flexível, reunidos numa sala ou distantes geograficamente, mas conectados através de redes de televisão e da Internet. O presencial se torna mais virtual e a educação a distância se torna mais presencial. Os encontros em um mesmo espaço físico se combinam com os encontros virtuais, a distância, através da Internet e da televisão.
Estamos aprendendo, fazendo. Os modelos de educação tradicional não nos servem mais. Por isso é importante experimentar algo novo em cada semestre. Fazer as experiências possíveis nas nossas condições concretas. Perguntar-nos no começo de cada semestre: “O que estou fazendo de diferente neste curso? O que vou propor e avaliar de forma inovadora?” Assim, pouco a pouco iremos avançando e mudando.
Podemos começar por formas de utilização das novas tecnologias mais simples e ir assumindo atividades mais complexas. Experimentar, avaliar e experimentar novamente é a chave para a inovação e a mudança desejadas e necessárias.
Caminhamos para uma flexibilização forte de cursos, tempos, espaços, gerenciamento, interação, metodologias, tecnologias, avaliação. Isso nos obriga a experimentar pessoal e institucionalmente a integração de tecnologias audiovisuais, telemáticas (Internet) e impressas.

José Manuel Moran